30 de out. de 2018

Livro | Sangue Quente - Isaac Marion

   Hey Everyone!!!
   Minha vinda aqui está cada vez menor, mas vez ou outra me sinto inspirada a voltar. E as coisas que salvei nos rascunhos me ajudam bastante como, várias resenhas que fiz de livros e nunca postei (sabe-se lá o por quê, mas okay!).
   A resenha que trago é do livro "Sangue Quente" do autor Isaac Marion  que li em abril de 2016, e que foi adaptado para filme com o nome "Meu namorado é um zumbi", que na minha opinião não tem nada a ver uma coisa com a outra, mas...
Título: Sangue Quente (Warm Bodies)
Autor: Isaac Marion
Selo: LeYa
Número de páginas: 256
Área temática: Ficção pós-apocalíptica.
Ano: 2011
SINOPSE: R é um jovem vivendo uma crise existencial - ele é um zumbi. Perambula por uma América destruída pela guerra, colapso social e a fome voraz de seus companheiros mortos-vivos, mas ele busca mais do que sangue e cérebros. Ele consegue pronunciar apenas algumas sílabas, mas ele é profundo, cheio de pensamentos e saudade. Não tem recordações, nem identidade, nem pulso, mas ele tem sonhos.
Após vivenciar as memórias de um adolescente enquanto devorava seu cérebro, R faz uma escolha inesperada, que começa com uma relação tensa, desajeitada e estranhamente doce com a namorada de sua vítima. Julie é uma explosão de cores na paisagem triste e cinzenta que envolve a "vida" de R e sua decisão de protegê-la irá transformar não só ele, mas também seus companheiros mortos-vivos, e talvez o mundo inteiro.
Assustador, engraçado e surpreendentemente comovente, Sangue Quente fala sobre estar vivo, estando morto, e a tênue linha que os separa.
   A sensação que tenho é que esse livro é uma metáfora interna sobre jovens, que assim como eu vivem feitos zumbis, sem propósito nenhum na vida e precisam ser reanimados para redescobrirem o real sentido da vida. Somos todos jovens que estamos apenas existindo, e não vivendo de verdade.
   O livro já começa com a frase "Estou morto, mas isso não é tão ruim. Aprendi a conviver com isso.", o que nos mostra uma pessoa que já se acomodou com a forma que está vivendo.
   Eu me senti como o R durante o livro inteiro, e nunca me identifiquei tanto assim com os pensamentos de um zumbi e sua narrativa um tanto quanto sarcástica. Mas a maior semelhança é que mesmo sem propósito e sem saber como, ele queria muito mudar as coisas, e essa vontade o ajudou a voltar à vida.
   É exatamnte como qualquer outra pessoa na vida real que está buscando encontrar sua própria personalidade, entender o meio em que vive, o propósito de tudo e de sua existência. É como uma pessoa comum descobrindo coisas sobre si mesmo e suas raízes, que se sente morto por dentro e sem esperanças, mas ainda nutre sonhos que o mantêm vivo. E era  tudo o que eu estava passando no momento.
   Lendo os quotes que separei dá facilmente para imaginar uma pessoa com depressão ou suicida, que ainda não quer entregar os pontos e está tentando encontrar um modo de viver.
QUOTES
Meu amigo M diz que a ironia de ser um zumbi é que tudo é engraçado, mas você não consegue rir, porque seus lábios apodreceram.
Imagino que isso é estar totalmente morto. Um vazio total e absoluto.
É uma das vantagens de estar morto, mais uma coisa com a qual não temos com que nos preocupar. Barba, cabelo, unhas...chega de lutar contra a nossa biologia. Nossos corpos selvagens foram finalmente domados.
Tem um abismo entre mim e o mundo lá fora. É um buraco tão largo que meus sentimentos não conseguem atravessar. Quando meus gritos conseguem chegar do outro lado, eles já se transformaram em grunhidos. 
Todos os caminhos levam a nós, os Mortos, e a nossa imortalidade nem um pouco glamourosa.
Quando o mundo inteiro é construído com horror e morte, quando a existência é um estado constante de pânico, é difícil ficar preocupado com uma coisa só.Os medos específicos se tornam irrelevantes. Nós os substituímos por um cobertor sufocante muito pior.
Nunca gostei daquela diferenciação. Ela é Viva e eu sou Morto, mas gosto de pensar que ambos somos humanos. Pode me chamar de idealista de quiser.
Será que este pobre órgão ainda representa alguma coisa? Ele só fica ali no meu peito, parado, sem bombear mais sangue, sem nenhum propósito, mas meus sentimentos ainda parecem se originar de dentro de suas paredes geladas. Minha tristeza silenciosa, meus anseios vagos, e minhas raras centelhas de felicidade. Elas se representam no centro do meu peito e de lá escoam para fora, diluídas e fracas, mas reais.
Mesmo agora, aqui, em um dos lugares mais escuros e estranhos, com a mais macabra das companhias, ela é movida pela música e sua vida pulsa com força.
O que você é, eu já fui um dia.
O que eu sou, você se tornará.
Talvez nossos corpos sigam os comandos de nossas cabeças. Alguns desistem facilmente enquanto outros resistem com todas as suas forças.
Você não pensa coisas novas? Não procura nada? O que isso quer dizer? Não procura o quê? Música? Música é vida! É emoção física, mas você não pode tocar. É uma ecto-energia de neon brilhante sugada dos espíritos e transformada em ondas de som para que seus ouvidos possam engolir. E você vem me dizer o quê, que é chato? Que não tem tempo para isso?
Acho que falei um monte de merdas do Perry, mas também não sou bem uma pessoa feliz e contente sabe? Também sou um desastre, apenas ainda... estou viva. Sou um desastre em progresso.
Todas as merdas que as pessoas fazem com elas mesmas... pode ser tudo por causa da mesma coisa, sabia? Apenas um jeito de afogar a própria voz. Matar suas memórias sem ter que se matar.
Isso tem ficado cada vez mais claro para mim recentemente, um desejo tão agudo e focado que quase não acredito que seja meu: não quero morrer. Não quero desaparecer. Quero continuar aqui.
Tudo morre alguma hora. Todos sabemos disso. Pessoas, cidades e civilizações inteiras. Nada dura para sempre. Então, se a existência é apenas binária, vida ou morte, estar aqui ou não, qual é a porra do sentido de tudo?
Minha mãe dizia que é por isso que temos memórias. E o oposto da memória, a esperança. Assim, as coisas que se foram continuam importando. Assim podemos desconstruir o passado e criar o futuro.
Você fica falando em mudar o mundo, mas só fica sentado lambendo as patas enquanto todos os pitbulls circulam a nossa volta. Qual é o plano, gatinho?
Tem um ditado Zen que diz: "Sem elogios, sem culpa, apenas ser." Não ligamos para ficar culpando alguém pela condição humana, só queremos achar uma cura pra ela.
Quero um novo passado, novas memórias, um novo primeiro aperto de mão com o amor. Quero recomeçar de todos os jeitos possíveis.
Não existe um livro de regras para o mundo. Está tudo na nossa cabeça, nossa mente humana coletiva. Nós fazemos as regras. E podemos mudá-las quando quisermos.
Seria muito legal se eu pudesse editar a minha vida. Se eu pudesse parar no meio de uma frase, parar de deixar tudo descansando em uma gaveta escura em algum lugar, consumar minha amnésia e esquecer de tudo que aconteceu, que está acontecendo e que está para acontecer. Fechar os olhos e ir dormir feliz.
Temos grandes planos. Ah sim, estamos tateando no escuro, mas pelo menos estamos em movimento. [...] Não vamos deixar a Terra virar uma tumba, um grande túmulo girando pelo espaço.Vamos nos exumar. Vamos lutar contra a maldição e quebrá-la. Vamos chorar, sangrar, desejar e amar. Vamos curar a morte. Nós seremos a cura. Porque queremos ser.
AVALIAÇÃO:   

 Então é isso! Se eu não passar por aqui até o dia 31, já lhes desejo um Feliz Halloween adiantado.  

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